Os Nakshatras na Astrologia Védica

 

Os Nakshatras na Astrologia Védica: Portais da Consciência Cósmica




Na tradição da astrologia védica (Jyotisha), os Nakshatras ocupam um lugar central. Diferente da astrologia ocidental, que se apoia principalmente no movimento dos planetas através dos 12 signos solares, o Jyotisha considera, com a mesma ou maior importância, a jornada da Lua através das 27 mansões lunares chamadas Nakshatras.

A palavra Nakshatra pode ser traduzida como “estrela fixa” ou “morada lunar”. Na prática, cada Nakshatra representa uma divisão de 13°20’ no zodíaco sideral, cobrindo juntos os 360° da esfera celeste. Eles formam o tecido espiritual do céu, onde cada estrela ou grupo estelar atua como portal arquetípico de energias, mitos, deidades e karmas.

Assim, enquanto os signos do zodíaco revelam a estrutura mais ampla da personalidade, os Nakshatras penetram em níveis mais sutis e profundos da psique, conectando o indivíduo às forças espirituais, aos padrões inconscientes e ao propósito de vida.



O que são os Nakshatras?








  • Ciclos lunares: A Lua leva aproximadamente 27 dias para completar sua órbita sideral. A cada noite, ela passa por um Nakshatra, absorvendo sua energia e transmitindo-a ao mundo.

Assim a nakshatra de nascimento se dará pela posição da lua no momento do nascimento.

Exemplo: Quem nasceu as 6 da manhã do dia 19 de abril de 1989 terá a lua em virgem no nakshatra de hasta.


  • Natureza arquetípica: Cada Nakshatra é associado a:

    • Uma deidade védica ou princípio cósmico.

    • Um símbolo (animal, objeto, forma).

    • Um Shakti (poder ou energia essencial).

    • Um planeta regente, que colore sua expressão.

  • Função: Eles ajudam a compreender não só o temperamento, mas também os padrões kármicos, potenciais ocultos, relacionamentos, talentos, obstáculos e o fio espiritual da vida.


Lista dos 27 Nakshatras e sua Essência


1. Ashwini (0° – 13°20’ Áries)

  • Símbolo: Cabeça de cavalo.

  • Deidade: Ashwini Kumaras, médicos divinos.

  • Essência: Início, vitalidade, cura, velocidade.

2. Bharani (13°20’ – 26°40’ Áries)

  • Símbolo: Yoni (útero).

  • Deidade: Yama, deus da morte.

  • Essência: Transformação, disciplina, ciclos de vida e morte.

3. Krittika (26°40’ Áries – 10° Touro)

  • Símbolo: Lâmina, fogo.

  • Deidade: Agni, o fogo sagrado.

  • Essência: Purificação, coragem, corte do supérfluo.

4. Rohini (10° – 23°20’ Touro)

  • Símbolo: Carro ou boi.

  • Deidade: Brahma.

  • Essência: Fertilidade, beleza, desejo de criar e possuir.

5. Mrigashira (23°20’ Touro – 6°40’ Gêmeos)

  • Símbolo: Cabeça de cervo.

  • Deidade: Soma, a Lua.

  • Essência: Busca, curiosidade, suavidade e desejo de exploração.

6. Ardra (6°40’ – 20° Gêmeos)

  • Símbolo: Lágrima.

  • Deidade: Rudra, forma tempestuosa de Shiva.

  • Essência: Destruição, renovação, catarse emocional.

7. Punarvasu (20° Gêmeos – 3°20’ Câncer)

  • Símbolo: Aljava de flechas.

  • Deidade: Aditi, mãe cósmica.

  • Essência: Renovação, esperança, retorno ao lar espiritual.

8. Pushya (3°20’ – 16°40’ Câncer)

  • Símbolo: Flor de lótus, seio nutridor.

  • Deidade: Brihaspati, guru dos deuses.

  • Essência: Nutrição, sabedoria, ensino.

9. Ashlesha (16°40’ – 30° Câncer)

  • Símbolo: Serpente enroscada.

  • Deidade: Nagas (serpentes).

  • Essência: Poder oculto, magnetismo, transformação psíquica.

10. Magha (0° – 13°20’ Leão)

  • Símbolo: Trono real.

  • Deidade: Pitris (ancestrais).

  • Essência: Honra, herança ancestral, autoridade.

11. Purva Phalguni (13°20’ – 26°40’ Leão)

  • Símbolo: Cama, prazer.

  • Deidade: Bhaga (divindade da prosperidade).

  • Essência: Prazer, criatividade, generosidade.

12. Uttara Phalguni (26°40’ Leão – 10° Virgem)

  • Símbolo: Cama traseira.

  • Deidade: Aryaman, deus das alianças.

  • Essência: Amizade, compromissos, estabilidade.

13. Hasta (10° – 23°20’ Virgem)

  • Símbolo: Mão.

  • Deidade: Savitar, sol criador.

  • Essência: Habilidade, artesanato, bênçãos.

14. Chitra (23°20’ Virgem – 6°40’ Libra)

  • Símbolo: Pérola, joia.

  • Deidade: Tvashtar, arquiteto divino.

  • Essência: Beleza, construção, refinamento.

15. Swati (6°40’ – 20° Libra)

  • Símbolo: Broto ao vento.

  • Deidade: Vayu, o vento.

  • Essência: Liberdade, independência, flexibilidade.

16. Vishakha (20° Libra – 3°20’ Escorpião)

  • Símbolo: Arco e árvore.

  • Deidade: Indra e Agni.

  • Essência: Determinação, conquistas, dualidade.

17. Anuradha (3°20’ – 16°40’ Escorpião)

  • Símbolo: Lótus.

  • Deidade: Mitra, deus da amizade.

  • Essência: Devoção, disciplina, conexões espirituais.

18. Jyeshtha (16°40’ – 30° Escorpião)

  • Símbolo: Orelha, pingente.

  • Deidade: Indra.

  • Essência: Autoridade, proteção, liderança.

19. Mula (0° – 13°20’ Sagitário)

  • Símbolo: Raízes.

  • Deidade: Nirriti, deusa da dissolução.

  • Essência: Destruição para renascimento, profundidade espiritual.

20. Purva Ashadha (13°20’ – 26°40’ Sagitário)

  • Símbolo: Leque, vitória.

  • Deidade: Apas, águas cósmicas.

  • Essência: Inspiração, vitória, entusiasmo.

21. Uttara Ashadha (26°40’ Sagitário – 10° Capricórnio)

  • Símbolo: Elefante.

  • Deidade: Vishwadevas, deuses universais.

  • Essência: Verdade, constância, liderança.

22. Shravana (10° – 23°20’ Capricórnio)

  • Símbolo: Orelha, ouvir.

  • Deidade: Vishnu.

  • Essência: Aprendizado, escuta, sabedoria espiritual.

23. Dhanishta (23°20’ Capricórnio – 6°40’ Aquário)

  • Símbolo: Tambor.

  • Deidade: Vasus, deuses elementais.

  • Essência: Ritmo, prosperidade, harmonia social.

24. Shatabhisha (6°40’ – 20° Aquário)

  • Símbolo: Mil estrelas, círculo.

  • Deidade: Varuna, deus dos oceanos.

  • Essência: Mistério, cura, segredos ocultos.

25. Purva Bhadrapada (20° Aquário – 3°20’ Peixes)

  • Símbolo: Pé dianteiro de cama funerária.

  • Deidade: Aja Ekapada.

  • Essência: Intensidade, espiritualidade profunda, transformação radical.

26. Uttara Bhadrapada (3°20’ – 16°40’ Peixes)

  • Símbolo: Pé traseiro de cama funerária.

  • Deidade: Ahirbudhnya, serpente cósmica.

  • Essência: Estabilidade, profundidade emocional, maturidade espiritual.

27. Revati (16°40’ – 30° Peixes)

  • Símbolo: Peixe, tambor.

  • Deidade: Pushan, guardião das jornadas.

  • Essência: Proteção, prosperidade, conclusão de ciclos.


A Importância dos Nakshatras na Astrologia Védica


  • Mapa Lunar: O Nakshatra da Lua natal (Janma Nakshatra) define tendências mentais, emocionais e espirituais.

  • Ciclos de vida (Dasha): Os períodos planetários (Vimshottari Dasha) são calculados a partir do Nakshatra da Lua, determinando o fluxo do destino.

  • Casamento e relacionamentos: A compatibilidade védica considera os Nakshatras como chave para harmonia conjugal.

  • Karma e Dharma: Cada Nakshatra revela lições, potenciais e padrões herdados.

  • Portal espiritual: Eles não são apenas divisões técnicas, mas moradas divinas que conectam a alma humana às forças cósmicas.


Conclusão


Os Nakshatras são muito mais que estrelas fixas no firmamento: eles são arquétipos vivos, portadores de mitos e energias que moldam nossa jornada na Terra. Estudar sua essência é mergulhar em um mapa do inconsciente cósmico, que revela tanto o destino quanto a possibilidade de transcendência.

No Jyotisha, compreender os Nakshatras é compreender o fio invisível que liga cada ser humano ao grande tecido universal da existência.






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